- Humilhação nas Filipinas e prêmios na Inglaterra: Embora as Filipinas estivessem sob a ditadura de Ferdinando Marcos, na capitalManilha os Beatles foram recepcionados por cinquenta mil fãs que se aglomeraram no aeroporto. A polícia filipina os separaram de Epstein e apreendeu sua bagagem, que continha maconha: isto provocou problemas com as autoridades locais.[78] Epstein obteve controle e, no dia seguinte, deram dois concertos no estádio superlotado Rizal Memorial Football Stadium. Após as apresentações, a primeira-dama Imelda Marcos organizou uma recepção no palácio presidencial para trezentos filhos de oficiais da alta patente do exército daquele país e gostaria de apresentá-los ao grupo.[79] O não comparecimento à recepção promoveu consequências inesquecíveis. No dia seguinte, jornais filipinos traziam manchetes com expressões do tipo "Imelda plantada" (The Manila Times), destacando que os Beatles haviam esnobado a primeira-dama.[80] Por causa desses acontecimentos, Epstein tentou esclarecer o mal-entendido numa coletiva, mas a transmissão sofreu interrupções técnicas. Starr lembraria anos mais tarde que o tratamento dos empregados no hotel tornaram-se mais frios depois do ocorrido e que havia ameaças de bombardeios onde os Beatles estavam hospedados.[80] O grupo foi abordado pelo responsável do Escritório de Rendas Internas que disse que os Beatles não deixariam o país até pagarem os impostos que não haviam dado desde a chegada; Epstein pagou dezoito mil dólares.[80] Os quatro membros fizeram a pé a caminhada até o avião e aproximadamente trezentos pessoas aguardavam a banda no aeroporto; na despedida, foram cuspidos, empurrados e agredidos; a renda que conseguiram nos dois concertos foi confiscada; após quarenta minutos de confusão, decolaram.[81]
De volta à Inglaterra, eufórica pela conquista da Copa do Mundo de Futebol de 1966, o grupo presenciou boas notícias, como os três troféus Ivor Novello – premiação máxima da música inglesa – que receberam por "We Can Work It Out" e "Help!" como primeiro e segundo compacto mais vendido na Inglaterra em 1965, e por "Yesterday" como a canção mais executada do ano. Artistas como Connie Francis, Johnny Mathis, Bob Goldsboro, Cliff Richard, David McCallum, as duplas Jan and Dean e Peter and Gordon interpretavam diversas canções da dupla Lennon/McCartney. Contudo, as notícias da América eram preocupantes.
- Presley, Dylan e o "Somos mais populares que Jesus Cristo": A revista DateBook divulgava a entrevista que Lennon concedeu a Cleave destacando a frase "Somos mais populares que Jesus".[82] Fundamentalistas cristãos se indignaram com a frase de Lennon e protestaram. Uma rádio em Birmingham, Alabama, organizou um boicote a execução das canções dos Beatles, e um ato onde os discos da banda foram queimados publicamente em uma fogueira. Rapidamente diversas estações de rádio americanas recusavam-se a tocar canções dos Beatles em suas programações e, na África do Sul, houve o banimento de canções do grupo em suas estaçõs de rádio por cinco anos. Houve inclusive a manifestação do Papa Paulo VI e do governo fascista de Francisco Franco, da Espanha, que criticaram a postura do grupo.[83]
Elvis Presley desaprovou o ativismo antiguerra e a legalização das drogas que os Beatles vinham afirmando e mais tarde pediu ao então presidente Richard Nixon que ele proibisse a entrada dos quatro membros nos Estados Unidos.[84] Peter Guralnick escreve que "Os Beatles, segundo Elvis, […] eram antiamericanos. Eles vinham para os EUA, faziam fortuna, e voltavam para a Inglaterra. E diziam coisas antiamericanas quando se encontravam por lá."[85] Guralnick adiciona: "Elvis acreditava que os Beatles lançaram bases para muitos dos problemas que estávamos tendo com os jovens e suas aparências imundas, bases essas encontradas na música sugestiva deles que ao mesmo tempo divertia o país durante o início dos anos 1960 e meados."[86] Apesar das observações de Presley, em geral os Beatles o admiravam; Lennon, por exemplo, tinha sentimentos positivos para com ele: "Antes de Elvis, nada existia."[87] Em contraste, o renomado cantor folk Bob Dylan reconhecia a contribuição dos Beatles, e afirmou: "A América deve construir estátuas dos Beatles. Eles ajudaram a trazer de volta o orgulho do país."[88]
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